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O CBD Capital é um criptoativo emitido pela PucMed Smart Bonds para se financiar e entregar esses remédios fora do Uruguai.
Um token criado com a finalidade de garantir o fornecimento de remédios à base de cannabis e financiar o trabalho da Productora Uruguaya de Cannabis Medicinal (PucMed) será lançado no dia 15 de setembro durante a Expo Cannabis Brasil, evento que ocorre no espaço São Paulo Expo. A PucMed, em parceria com a CubeChain, criou a startup PucMed Smart Bonds, que emite os tokens CBD Capital.
O CBD Capital foi desenvolvido no blockchain Ethereum e é lastreado em cinco toneladas da matéria prima utilizada na produção de derivados da cannabis. Cada unidade do token equivale a uma grama da flor da cannabis pelo valor praticado pelo governo uruguaio nas farmácias do país, que atualmente equivale a US$ 1,80.
Haverá quatro tipos de tokens, o CBD Seed, que representa as sementes de cannabis medicinal, com liquidação a partir de 4 meses; o CBD Flower, que representa o estágio de crescimento da planta de cannabis medicinal, com liquidação a partir de 6 meses; o CBD Extract, que representa o processo de extração do CBD, com liquidação a partir de 8 meses; e o CBD Product, que representa produtos finais de cannabis medicinal, como óleo com 10% de CBD puro, com liquidação a partir de 10 meses.
"O cliente pode comprar uma participação em CBDSeed e pode liquidar para receber o dividendo em quatro meses, e mudar para CBDFlower, por exemplo. Para o CBDProduct ele recebe todos os quatro ciclos", afirma Gilberto Mattiello, cofundador da CBD Capital.
Mattiello destaca que há dois racionais distintos para se adquirir os criptoativos da iniciativa. O primeiro é com o objetivo de lucrar com os dividendos e uma eventual valorização dos tokens, caso o projeto seja bem sucedido, e outro é como uma espécie de compra antecipada dos medicamentos que lastreiam os criptoativos. Neste segundo caso, uma página na internet será disponibilizada para os consumidores fazerem um cadastro e enviarem foto da receita médica prescrevendo remédios como o canabidiol para depois comprarem o token e receberem o medicamento em casa. “O token serve como voucher de que está comprando o produto físico e lastreado”, detalha.
Os executivos ligados ao projeto declaram que o contrato inteligente do token foi construído de modo a trazer as mesmas informações jurídicas e financeiras que são requeridas de uma empresa oferta ações, mas que o criptoativo, por ora, será vendido em distribuição própria, e não em oferta pública por meio de corretoras. Um dos motivos para isso seria a falta de clareza regulatória que ainda existe no setor de criptoativos no Brasil, uma vez que o Banco Central só definirá no ano que vem as normas infralegais do Marco dos Criptoativos, e até agora a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) só se manifestou sobre o tema na Resolução 175 e em dois ofícios. “A oferta é possível de fazer legalmente. Nosso smart contract está totalmente configurado, mas falta regulamentação”, argumenta.
Rodrigo Alejandro Torres, cofundador e CLO, diz que os produtos obedecem aos parâmetros ISO 20.022, permitindo o envio dos produtos do Uruguai para o mundo. Ele diz que algumas entregas já foram realizadas. “A segurança e o desembaraço sanitário do produto estão ocorrendo de forma real. Já fizemos o teste com entregas no Brasil. Como é um remédio de uso contínuo, especialmente nos casos em que já está comprovado o auxílio contra doenças degenerativas, é importante que haja um fluxo para não deixar o cliente desamparado”, avalia.
Alejandro Torres diz ainda que possui um estoque de 2 milhões de frascos de CBD de US$ 100, o que equivaleria a uma prova de reserva de US$ 200 milhões.
Por fim, Afonso Braga Neto, CEO da startup, defendeu a atuação da PucMed e a presença de seu braço brasileiro na Santa Casa de Misericórdia em Curitiba (PR) – a Anna Medicina Endocanabinoide – para tratamento de pacientes com cannabis medicinal. "Vamos abrir 50 pontos de acolhimento com todo o acompanhamento do começo ao fim", prometeu.
Source: Valor Econômico